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"Parnaíba completa 1 mês sem voos comerciais: turismo se vende nas redes, mas o acesso é uma tortura"

Exatamente hoje dia 9 de abril, faz um mês do fim dos voos comerciais em Parnaíba e São Raimundo Nonato PI.

Parnaíba (PI), 09 de abril de 2025 — Hoje completa exatamente um mês desde que Parnaíba, segunda maior cidade do estado do Piauí, ficou completamente isolada do transporte aéreo comercial. Um cenário alarmante para uma cidade que tenta se vender como destino turístico nas redes sociais, mas esquece de responder à pergunta mais básica de todas: como chegar até aqui?


As campanhas promocionais nas mídias sociais continuam a todo vapor. Imagens paradisíacas do Delta do Parnaíba, dunas, rios, mangues e pôr do sol de tirar o fôlego são compartilhadas. Mas falta combinar com a realidade. O turista que se deixar encantar pelo marketing vai ter que encarar um calvário logístico para conhecer o litoral piauiense: seis horas de viagem de ônibus desde Teresina, em uma estrada federal (BR-343).


Promessas no ar, aviões no chão


Circulam rumores de negociações com uma “nova empresa aérea” para voltar a operar voos em Parnaíba. Mas... qual empresa? Fizemos um levantamento minucioso sobre essa suposta possibilidade, e o resultado não poderia ser mais desanimador:


  • Azul Linhas Aéreas — vive uma crise operacional sem precedentes. Em 2024, a companhia já havia encerrado operações em mais de 20 cidades brasileiras, e Parnaíba entrou na lista das afetadas. A empresa tenta se reorganizar financeiramente e não há sinal de retomada em médio prazo.
  • Gol Linhas Aéreas — com a saúde financeira ainda mais frágil, também cortou vários trechos do seu portfólio e, segundo executivos ouvidos nos bastidores do setor, não pretende expandir sua malha aérea em 2025.
  • Latam Airlines — é uma incógnita. A companhia aceitou operar em Juazeiro do Norte (CE) somente após uma subvenção do governo estadual de R$ 35 por assento, como revelou o secretário de Turismo do Ceará, Eduardo Bismarck, em entrevista à Rádio CBN Cariri. A realidade é que, sem subsídio público, não há nem conversa.


Turismo sem acesso: um projeto condenado?


Sem transporte aéreo, Parnaíba enfrenta um paradoxo cruel: como ser destino turístico competitivo sem acessibilidade? A cidade não tem sequer uma linha ferroviária, e o transporte rodoviário é razoável e arriscado.


A ausência de infraestrutura adequada fere diretamente a economia local, principalmente setores que dependem do fluxo de visitantes, como hotéis, restaurantes, bares e guias turísticos. Investimentos em turismo não podem se limitar à propaganda: é preciso garantir que as pessoas consigam chegar até o destino.


Hoje, a sensação é de que não existe luz no fim do túnel — porque, na verdade, parece que o túnel nunca foi escavado.

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